quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O BAIRRO DE ÁGUAS CLARAS E SUAS CURIOSIDADES

Hoje denominado bairro de Águas Claras, foi outrora chamado de Loteamento Chácara Nogueira, pertencente ao bairro de Pirajá. A Chácara Nogueira era de propriedade dos irmãos Nogueira e começou seu povoamento estimá-se em 1945, sendo rota principal pelas estradas de Pirajá, onde os moradores pegavam transporte para se dirigirem ao centro de Salvador.
Época tranqüila aquela... Havia muitas árvores frutíferas como a mangaba, rios de água potável. Em entrevista com D. Baia, moradora antiga do local (ou Maria Julieta de Jesus), conta que possui esse apelido porque criava porcos, que vem de “baia de porcos”, relata que naquela época tinha que pegar água em bicas como a de Sr. Isaac (seu esposo), Senhor Elpídio e anos mais adiante no chafariz de Senhor Adir e o chafariz criado pela Embasa, até chegar  água encanada.
As casas eram feitas de taipa e utilizavam paus para fazer fogo; compravam carne em Pirajá e pão em Periperi, até que anos mais tarde Senhor Adir constrói a primeira padaria do bairro. Lembra ainda que “presos da antiga Pedra Preta passavam fugitivos por aqui”. Também os rapazes jogavam futebol que era uma das distrações do momento. Pontua que as primeiras missas eram celebradas ao ar livre, próximo ao terreno que anos mais adiante seria construída a igreja católica.
Já o Senhor Miguel Borges, relembra que muitos moradores trabalhavam no Curtume Bragança, em Pirajá, transportando o couro de bois da Rua do Matadouro para o curtume, a fim de serem vendidos para fábricas de sapatos e outros artefatos. Fala ainda que era morador da chamada Rua da Palha, hoje conhecida como Rua Lourival Costa. Essa rua possuía esse nome, pois as casas eram todas feitas de palha mesmo. Conta ainda sobre pedreira do bairro, cujo nome era Pedreira Carvalho Mercantil; relata que “nos fins de semana os moradores iam com suas famílias tomar banho e divertir-se em área destinada para banho no local”.
As festas populares como quadrilhas de São João e brincadeiras eram feitas no chamado Larguinho, que era o ponto de encontro dos moradores, outrora construído uma pequena área de palha pelo Senhor Cordeiro, depois passa a chamar-se Largo de Edmilson.
Esse Largo de Edmilson localiza-se na antiga Rua B, atualmente Rua Benedito Jenkis e tem esse nome, pois conforme conta a D. Marilansde de Araújo, viúva de Edmilson de Araújo, ele tinha uma “venda” ou mercearia se vendia de tudo, desde alimentos, fumo, bebidas até peças de carro como vela, condensador, correia de motor e outros. Sempre fazia uso de auto-falante logo de manhã cedo acordando os moradores, sendo uma das músicas mais tocadas a “Fuscão Preto”, dessa maneira ficou bem conhecido no bairro e após seu falecimento, o largo passa-se a chamar Largo do Finado Edmilson.
Hoje em dia o Largo do Finado Edmilson é nos fins de semana, ponto de encontro de jovens que tocam músicas em seus carros e bares locais, onde dançam no largo que é bem espaçoso. Anos atrás ainda se realizavam quadrilhas de São João na área, inclusive com disputa com outros bairros.
Enfim, esse bairro é um bom local para se morar; apesar da violência crescente e o contingente populacional avançado, formando muitos engarrafamentos de veículo diariamente, é lugar de uma comunidade solidária e trabalhadora, gente que faz acontecer.
NOTA: As fotos publicadas pertencem ao arquivo pessoal dos  entrevistados.

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